A Páscoa pede passagem! Cristo,
coelho ou ovo?
Páscoa (do
hebraico Pessach, significando passagem em grego Πάσχα).
A curiosidade central da
Páscoa comemorada nos tempos atuais, digamos, pós-modernos, não é mais o seu
tradicionalismo no campo das celebrações rituais religiosas e sim, os
paradoxais contrastes que habitam no mesmo tempo e espaço, ou seja, tudo
começou com os Judeus,
donde Cristo provém,
porém nos quais Ele não permaneceu, então, aquilo que era de significado Judeu,
passou a ser cristão, dado as semelhanças das comemorações judaicas pascais com
a trajetória da vida de Cristo (vide Bíblia e/ou Tora), e
mais, Cristo não tem nada haver com “coelhos”,
que, aliás, sequer põe “ovos”,
quanto mais de “chocolate”. Tudo isso junto e misturado, faz parte da nossa
nova sociedade pascal.
Definitivamente
estes paradoxais contrastes são a prova cabal de que o sincretismo
religioso/cultural/popular é extremamente criativo, dinâmico, ecumênico,
cosmopolita, eclético e inovador; não acham? Os sentidos se diluem, se
misturam, tomam nova forma e são absorvidos conforme o molde dos recipientes,
conforme a personalidade de cada pessoa, que por sua vez, lhes conferem novos
valores individuais e por fim, expõem subjetivamente suas interpretações dos
conceitos, recomeçando o ciclo das ressignificações. Mais criativos ainda, figuram o mercado empresarial e a
publicidade, ambos souberam aproveitar a oportunidade de uma realidade que
contempla vários significados, e atingir cada vez mais pessoas, relativizando a
linguagem como em uma espécie de metamorfose mercadológica simbólica, agradando
em todos os gêneros, os plurais desejos – é um tempo muito parecido com o Natal
. Assim, uma espécie de polvo comunicante inebria o povo, e a essência da
Páscoa (desfigurada) pede passagem sem nada conseguir, pois à sua frente uma
muralha de conceitos distintos torna sua passagem praticamente
impossível, impede que ela renove as nossas vidas, nestes 75% de ano que
ainda nos resta em 2013.
Então, se
a essência deste espírito de Páscoa te alcançar e você decidir renovar a vida,
fazendo tudo novo, melhor, a partir de agora, não se preocupe tanto em
estabelecer diferenças, pois existe uma possibilidade de chegar ao mesmo
objetivo partindo de pontos iniciais distintos. Enfim, não precisamos
disputar espaço nesta festa, o que precisamos mesmo é nos unir pelos mesmos
objetivos, cada qual na sua fé, ou mesmo sem ela. Digo sem ressalvas, já
foi o tempo da disputa, melhor é aproveitar os elementos que nos unem, do que
supervalorizar os que nos separam.
Feliz Páscoa aos Judeus, aos Cristãos
e ao Povão. Afinal, ,somos todos uma só especie, Humana.
Henryk Fazanno
Chef do restaurante Le gourmet
Fazanno63@gmail.com